Primeiro, vamos refletir sobre os "nunca bem ponderados" sete dias.
Claro que os sete dias bíblicos deveriam ter uma qualquer explicação, pensei eu,
e dediquei-me a descobri-lo.
A primeira coisa que me ocorreu foi que, se Deus é infinito, um dia de Deus
poderá durar um bilião de anos, logo, sete dias para Deus poderiam muito bem ser
seis biliões de anos. E poderiam perguntar, porquê seis biliões de anos? Bem, porque
foi estimado que desde a nebulosa inicial até ao presente seis biliões de anos
passaram, e quarto biliões e seiscentos milhões de anos desde a formação da
Terra.
Embora o Ocidente não tenha lidado com números tão elevados - e quando digo
elevados quero dizer números tão altos quanto biliões de anos - nas suas
mitologias, talvez seja interessante notar que na Índia, pela altura em que foi
escrito o Génesis, já estavam acostumados a pensar em números desta magnitude.
Por exemplo: de acordo com as escrituras Védicas as quarto yugas (eras) formam
um ciclo de 4.320.000 anos (Majá-yuga ou a 'grande era'), que se repetem
continuamente. A primeira é a Satya-yuga ou 'era da Verdade' de 1.728.000 anos
em que a esperança media de vida de uma pessoa era de 100,000 anos. É a Idade do
Ouro, de acordo com uma outra classificação.
Depois segue-se a Dvapara-yuga ou 'segunda era' que cobre 1.296.000 anos com uma
esperança media de vida de 10,000 anos; é também chamada de Idade da Prata.
A 'terceira era' Tetra-yuga, durou cerca de 864,000 anos, com uma media de vida
de 1,000 anos; também conhecida como a Idade do Bronze (embora não corresponda á
Idade do bronze na Índia).
Finalmente, Kali-yuga ou 'idade do vício' durou 432,000 anos e em que a
esperança media de vida era de 100 anos ( no início da era, há 5100 anos atrás).
Era chamada de Idade do ferro (e também não corresponde á idade do Ferro na
Índia).
Interessante, muito interessante.
Até agora não encontrei nenhum obstáculo a considerar os "sete dias". Se
acreditamos em Deus, seria normal, penso, acreditar que Ele seria infinito, de
maneira que não me incomodou em nada alterar dias por milhões ou biliões de
anos.
Continuando.
Vamos considerar agora a explicação que a ciência nos dá sobre a o nascimento do
Sistema solar e do nosso planeta Terra, de forma a podermos comparar, então, com
o texto do Génesis.
Convido-vos a irmos para o local e hora. Vamos para aquele momento em que tudo
começou no nosso cantinho do universo.
Há seis biliões de anos, uma nuvem de gás e poeira estelar - chamada de nebulosa
planetária - flutua á deriva no espaço.
Esta nebulosa, a nuvem de gás estelar e poeiras são os resíduos de uma estrela,
que apos a sua morte enquanto supernova (estrela que explode na sua fase final)
dispersa pelo espaço os materiais que se formaram no seu interior através de
elementos mais simples.
Os objetos criados neste forno estelar - agora mais complexos - formam esta
enorme nuvem de poeiras, gás e gelo que flutua serenamente á deriva. A nossa
nebulosa.
A certa altura, este movimento suave, em câmara lenta, é alterado pela chegada
de ondas-choque produzidas pela explosão de outra supernova, uma outra estrela
que termina a sua existência, nas proximidades.
Estas ondas-choque que colidem e agitam a nossa pacífica nebulosa desencadeiam
uma contração nela, e quando a nebulosa se contrai começa a girar sobre si
própria e achatando-se.
Este disco achatado, que é agora a nossa nebulosa planetária direciona a maior
parte do seu material para o centro, onde o acumula.
Esta massa gigantesca de matéria (maioritariamente gás) fá-la colapsar sob o seu
próprio peso e devido á gravidade, inicia combustão de uma nova estrela central,
o Sol.
A mesma força gravitacional que gera a acumulação de matéria no centro e que
leva á criação de uma estrela, no nosso caso, o Sol, também produz redemoinhos e
aglomerados no disco de poeiras.
Estes aglomerados que rodopiam sobre si mesmos em espirais e seguem a sua
jornada á volta do centro são os nódulos que darão origem aos planetas.
Estes planetas primitivos, estes aglomerados ou espirais de matéria estelar,
continuam o seu percurso à volta do sol, não num movimento circular mas sim em
espiral, caindo em direção a ele, aproximando-se a cada volta, a cada órbita. O
que aconteceu foi que, quando as suas rotações se iniciaram, estes aglomerados
originais estavam mais afastados do sol do que os planetas 'acabados' estavam
agora. E qual foi a consequência daquela aproximação ao sol por aquela estrada
em espiral? Bem, o que aconteceu foi que aqueles planetas bebés estavam, por
assim dizer, a 'limpar' os destroços, poeiras e gases no espaço por onde
passavam, aumentando assim a sua massa através da matéria recolhida.
Vamos, então, recapitular e olhar para o quadro geral. Primeiro surge uma nuvem
caótica de poeira e gás, resultante de uma explosão anterior de uma supernova
espalhando a sua matéria no espaço. Um disco é criado a partir dessa matéria
acumulada dando origem, primeiro ao sol, depois aos planetas.
Por fim, este disco é em si mesmo uma nuvem de poeira e gás, que será recolhida
pelos planetas em órbita no espaço circundante. Ao varrer aquele material
atraindo-o para si próprios, os planetas aumentam o seu tamanho com estas
poeiras e gases.
Muitas destas pedras, poeiras e gelo, remanescentes daquela nuvem, são
meteoritos que, ainda hoje, continuam a atingir a Terra e que marcaram a
superfície da lua e do nosso planeta.
Também o vento solar, produto da combustão nuclear do Sol, limpa o espaço
circundante do material mais leve e desloca-o para os confins do sistema.
Enquanto esta nuvem de gás e poeiras leves é ejetada pelo vento solar, é,
novamente recolhida no seu percurso pela atração gravitacional dos planetas no
seu curso, aumentando ainda mais a massa de cada um.
Nós já temos planetas primitivos girando em órbitas quase circulares á volta do
sol, porque quando o movimento geral do sistema se estabilizou estas órbitas já
não eram em espiral.
Estes planetas que recebiam material do espaço, gás e poeiras - possivelmente e
com frequência, através de colisões violentas- devem ter existido na altura do
estado de lava derretida (no caso de planetas não gasosos), porque a fricção
gera calor e aquelas colisões produziram muita fricção que resultou num grande
aumento de temperatura que fez derreter rochas e poeiras, fundindo-as numa única
e massa, e muitas vezes, quase esférica.
Uma vez que os planetas foram recebendo cada vez menos impactos, começaram a
esfriar, e à medida que a temperatura baixava, geraram uma concha, uma
superfície sólida sobre a crosta terrestre onde caminhamos hoje em dia.
Não só esta superfície foi criada, como os gases que foram libertados e retidos
pela força da gravidade formaram uma atmosfera; Foi o que aconteceu com o nosso
planeta Terra e como foi criada a atmosfera que nos permite respirar.
Entretanto, o gelo que existia naquela nuvem inicial, também retido, originou
água e a sua acumulação criou os mares, os rios e a chuva.
Bem, vamos, então, pensar como era quando o planeta, apesar de já ter esfriado o
suficiente para formar a costa terrestre, era ainda muito quente para que a agua
se pudesse acumular sob a forma liquida á superfície. Naquela altura o ciclo
evaporação-condensação-chuva era muito mais rápido devido ás altas temperaturas
terrestres. Naqueles dias a humidade era realmente insuportável. A chuva e
trovoada ocorriam continuamente. A chuva evaporava assim que tocava a superfície
da terra.
Um céu impenetrável, nevoeiro cerrado e luz solar que mal conseguia
infiltrar-se. Certamente teria sido impossível para alguém estar na superfície
ou ter visto as estrelas ou o sol, primeiro devido a espessura das nuvens e do
nevoeiro, e segundo porque as poeiras remanescentes ainda flutuavam no espaço
entre os planetas emergentes.
Parece demasiado complicado ou difícil de imaginar? Sim, parece. Mas penso que
seria um bom exercício colocarmo-nos naquela situação e imaginarmo-nos no meio
de uma severa tempestade de areia e no meio dela tentarmos ver o sol.
Provavelmente veríamos a luz do sol, aquele clarão que nos rodeia, mas seria
difícil identificar a fonte, a origem daquela luz. Poeiras no ar, a nuvem de
areia da tempestade, iria impedir-nos de ver o Sol.
Além disso, enquanto esta tempestade de areia ocorria 'lá fora', aqui, na
atmosfera do planeta estaríamos no meio de uma chuva torrencial e fervente, com
nuvens, trovoadas e erupções vulcânicas, chuvas de cinzas e fumos tóxicos.
Um palco gigantesco, um quadro muito diferente do atual.
Este cenário, no qual nós provavelmente não aguentávamos um minuto, criou as
condições ideais para iniciar a jornada da vida (humidade, temperatura, radiação
solar e raios cósmicos, causando um grande impacto e não enfrentando
praticamente nenhum obstáculo).
Condições ideais que criaram os primeiros aminoácidos, as primeiras cadeias
moleculares. Estas cadeias moleculares viriam, mais tarde, a dar origem a
organismos mais complexos.
Agora, em que as condições são propícias, vamos examinar o próximo passo. A
evolução da vida..
4 Vedas (literalmente "Conhecimento" em sânscrito) são quarto textos antigos, que constituem a base da religião Veda, anterior á religião Hindu. A palavra sânscrita Veda é originária de um termo Indo-Europeu (Weid), relacionado com a visão, é a raiz das palavras Latinas vedere (ver) e Veritas (verdade) e com as palavras espanholas "ver" (ver) e "verdad" (verdade). Os textos Védicos foram desenvolvidos no que é chamada de cultura Védica, baseada em castas (varna ou "cor") e ashrams ( estágios da vida religiosos).
5 Supernova: uma estrela que explode e cuja massa é lançada no
espaço a altas velocidades. Após este fenómeno explosiva podem surgir dois
resultados: ou a estrela é completamente destruída, ou o seu núcleo central
permanece, colapsando por si próprio, dando origem a um objeto massivo tal como
uma estrela de neutrões ou um Buraco Negro.
O fenómeno de explosão de uma supernova é semelhante á explosão de uma Nova, com
a diferença crucial de que no primeiro caso a energia envolvida é um milhão de
vezes superior. Quando um evento catastrófico como este tem lugar, os astrónomos
observam uma estrela inflamando-se nos céus podendo atingir magnitudes de -6m ou
mais
Temos testemunhos de alguns destes eventos: em 1054, uma estrela na constelação
Taurus inflamou-se, e os seus resíduos podem ainda ser vistos sob a forma da
fabulosa Nebulosa do caranguejo; em 1572, o grande astrónomo Tycho Brahe
observou uma supernova a brilhar n constelação de Cassiopeia, em 1640, um
fenómeno semelhante foi observado por Kepler. Estas são ocorrências de
supernovas que explodiram na nossa galáxia.
Hoje em dia estima-se que, cada galáxia produza, em media, uma supernova a cada
seis séculos. Uma supernova famosa de uma galáxia exterior á nossa, é Andrómeda,
que surgiu em 1885.